A Beleza

Aquele momento antes da chuva, aquelas nuvens que vem vindo, encobrindo tudo, esse tipo de coisa é minha recompensa sentimental. Esse tipo de sentimento que tenho, me contamina em momentos raros, tudo é tão raro e passageiro, esses momentos tão perfeitos, o céu sendo encoberto pelo cinza  que me passa a sensação de total liberdade, em vez do contrário.
   Toda essa beleza, tudo isso que não ouso ignorar está lá, mas talvez eu durma em alguns desses momentos, talvez eu esteja soterrado por obrigações nesses momentos, talvez eu esteja encoberto por toneladas de concreto nesses momentos. E isso mata o homem, mata devagar e silenciosamente.
   Isso me faz ver o contraste da vida que criamos. Torna muito aparente toda a falha que é a vida humana, Que cria a doença, pra depois criar a cura e se orgulhar dessa última. A beleza sempre esteve ali, vivemos envoltos da beleza, mas quantas batalhas por dia temos que vencer pra enxergar? Quantos quilômetros temos que andar pra chegar lá?

A Poesia da canção Eterna

    O demônio tinha patas, pescoço e cabeça de bode, mas o tronco até o início da virilha eram humanos. Ele falava todas as línguas, todos os dialetos; Por isso podia aliciar qualquer um.
Ele era experiente em todas as artes, Em todas as áreas; Podia ensinar qualquer um; qualquer macete podia ser Absorvido.
Sua fortuna era infinita; A maior parte em sabedoria.
    O Ritual sempre foi simples, a bem da verdade, é a parte mais fácil. O difícil era não submeter-se. Podia ser qualquer coisa que alguém quisesse, tudo o que se possa imaginar. Mas quanto mais ele dava, mais ele pedia. Então, quanto maior o pedido, maior o preço. Nenhuma religião nunca pode para-lo. É tudo parte de uma poesia, em movimentos precisos, mas sem rimas; tudo de uma vez, sem olhar o passado e sem recordar o erro anterior. Jamais poderemos entender tudo o que acontece a todos nós. Não podemos vigiar todos os cantos da terra todo o tempo. As partes mais obscuras da terra permanecerão na escuridão. O perigo sempre rondará todos, o viajante sempre estará por perto e a Sabedoria sempre será seu desejo, por mais que esteja entranhado na sua carne.

O Dia que acabou, mas não começou Ainda

Penso em cerveja

penso em uma praia

penso num café

penso em andar por aí

penso em destruir

penso em depressão

penso em dinheiro;

penso em dinheiro

penso em diheiro

penso em nada
penso em bukowski

Penso em várias garrafas de cerveja

penso numa praia em um dia nublado

penso num café preto em paris

penso em andar por aí vadiando

penso em destruir o cristianismo

penso em sair da depressão

penso em nada

penso em nada

penso em nada

penso no fedor

penso em bukowski pensando em mim

uma árvore seca

um humano morto

um gato livre

um pássaro fugindo da gaiola

penso em tudo

então lembro que sou todo pensamentos
Lembro da cerveja

lembro da praia 

lembro do café

mas não lembro de nenhum de vocês

Sem Querer Ofender

 solitários

nem sempre queremos ser

As vezes não há opção

estamos comprometidos

Não há nada do que se orgulhar,

Somos uma falha grave

estamos partindo
Por que não deveríamos nem ter chegado

Não tivemos a nossa chance.

Dia após dia, 
no máximo
desabafos num papel
mas

Nenhuma palavra.

A Última Manhã de Inverno

O despertador toca, é manhã, mas não tão cedo

Manhã fria, normalmente é fria, igual a ontem, igual a anteontem

O Homem levanta-se devagar, retira as cobertas de cima de suas pernas

Está com meias que sobram levemente na ponta de seus pés

Da os dois primeiros passos cambaleantes, depois sai em direção ao banheiro

Lava o rosto  calmamente, sentindo nas mãos o áspero da barba crescendo

Alisa a testa e se detêm alguns segundos olhando para seu próprio rosto

O rosto não é mais o mesmo, mas por dentro ainda continua a mesma coisa

Ele da dois passos pra trás e olha ao redor, depois senta-se numa privada terrivelmente gelada

Urina sentado enquanto fuma um, depois outro cigarro

Sai do banheiro e veste-se, a calça, a camisa de sempre e uma Velha Jaqueta por cima

Pega seu maço e seu isqueiro, enfia tudo no bolso da jaqueta e se dirige a sala

Chega na sala, na velha sala, tudo sempre no mesmo lugar

Olha pela janela a cidade como se esperasse que a paisagem horrível pudesse mudar

Esperava ver uma grande floresta no lugar dos prédios

De repente tira essa ideia da cabeça  e se move em direção a uma bolsa

Pega uma bolsa preta pequena pela alça e vai em direção a porta

Gira a chave e em seguida põe a mão na maçaneta

Antes de girá-la fica parado pensando em algo

Por um segundo parece ter visto toda sua coragem sumir

Endireita-se, pisca os olhos mais de uma vez demoradamente, e põe-se a girar a maçaneta

Desce a escadaria e sai do prédio sentindo-se incomodado por algo

Então começa a caminhada, passos longos e lentos

Ele sente a leve brisa no rosto, e também percebe os olhares na sua direção

As pessoas parecem ter algum interesse obscuro em observá-lo

Apesar disso ele continua normalmente a sua caminhada

Esses olhares, essas coisas todas, ele sempre odiou tudo isso, tudo sempre a mesma coisa

Seria no mínimo terrível para alguma outra criatura viver desse jeito

Ele se detém para atravessar a rua, nada desse, nada daquele lado

Atravessa e vai em direção a uma praça

Uma praça comum, Árvores, crianças, pássaros e alguns bancos sujos

Chegando na calçada desta praça, ele escolhe o banco menos imundo

Hesita, olha para os lados e senta-se devagar

Não há muita gente nas redondezas, por causa do frio talvez

Ele chega na conclusão de que as pessoas realmente não sabem apreciar o Frio

Mas esse não é um pensamento para tal momento

Então ele pensa no que fez, e pensa um pouco no que não fez

Abre o zíper da sua bolsa preta, e tira de lá uma Arma calibre 38

Coloca o cano gelado dentro da boca, aponta para o céu da boca e puxa o gatilho

A bala atravessa o seu crânio, então seu corpo relaxa levemente sobre o banco

No dia seguinte a morte já está neste e naquele jornal, nesta e naquela conversa matinal

A vida é bela para alguns, eles até a definem como uma benção

Mas para outros, bem...

Cabe aos jornais nos informar

Só mais uma morte, só mais um suicida demente, só mais um caixão com um cadáver dentro

O que há antes de tudo isso nunca é citado, a razão é esquecida

Por que quanto menos detalhes, mais fácil será o julgamento

Talvez a ignorância seja o combustível para a longevidade das pessoas

Quanto menos se pensa, mais e melhor se vive

Esta é a história do homem que foi além, e teve sua merecida liberdade

Um ponto de interrogação para todos, Mas uma exclamação magnífica pra Ele

E isso fez toda a diferença.

Tudo que Cabe em uma Mala

ás vezes é bom não ter nada. Quando não se tem nada a perder, nos da uma sensação de segurança. A cobrança vai diminuindo aos poucos até sumir totalmente.
Posso cair e não levantar mais; Não preciso me reerguer, apenas encosto a minha cabeça no chão e posso pegar no sono.
Posso lhe dizer que não tenho mais forças pra nada. Tudo vêm e vai, ou seja, tudo passa.
percebo algo solto por dentro
 O nada de sempre.